SC: Conheça a história do oficial que percorreu toda a carreira dos praças

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Por: Soldado Rodrigo Costa, Em 15/08/2017

Na manhã da última sexta-feira, 11, durante a cerimônia de promoção dos policiais militares do 14º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Jaraguá do Sul, mais uma história merece ser destacada dentre tantas outras histórias de superação, determinação e foco que conhecemos na Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC).

É a história do oficial Edson Jesus da Silva, de 52 anos, que alcançou o posto de capitão, na última sexta, em solenidade realizada na Arena Jaraguá, após ter percorrido toda a carreira dos praças, partindo de uma trajetória que iniciou lá em 1984, como soldado da PMSC.
Há 33 anos na corporação, o capitão Edson Jesus da Silva mostra que praticamente tudo é possível, quando não medimos esforços para alcançar nossos objetivos.Casado, pai de duas filhas, natural de Chapecó, o oficial foi procurado pela equipe do Centro de Comunicação Social (CCS) da PMSC, para contar um pouco da sua trajetória.
Ele incluiu na corporação com 18 anos e fez o Curso de Formação de Soldados em Chapecó, no ano de 1984. Em 1986 ele já conseguiu ingressar no Curso de Formação de Sargentos (CFS), que concluiu em 87. Já em 1995, ele concluiu o Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS).
Durante esse período, o então sargento Edson serviu, a maior parte do tempo, na 5ª Região de Polícia Militar (RPM), mais precisamente na área de Guaramirim, Jaraguá do Sul e Joinville.
 “Trabalhei como soldado no 2º BPM (em Chapecó), onde fiz escola. Posteriormente, como sargento, estive entre o 14º BPM (em Jaraguá do Sul) e o 8º BPM (Joinville). Cheguei à graduação de subtenente quando trabalhava no Grupo de Radiopatrulhamento Aéreo, em Joinville”, resume. “Em 2005 tive a oportunidade de fazer o curso de Tripulante Operacional Multimissão (TOMM) e, com isso, passei a viver mais intensamente a realidade daquela unidade. Trabalhei no Águia por 3 anos”, lembra.
Recorda também, com muita clareza, que, certa vez, haviam comentado que para ingressar na carreira de oficiais seria preciso ter formação em Direito. “Então, em 2000, não perdi tempo e comecei a cursar Direito, que terminei em 2005”, explicou. “Durante esse período, em que estive na universidade, nunca almejei outro concurso. Nem pra delegado. Segui sempre focado no meu objetivo, que era ser ‘tenente’”, garante.
Lembra que com 14 anos viu uma reportagem em que um “tenente” dava algumas explicações e aquilo despertou nele a admiração pela vida militar. “Aí eu, jovem, e, ao mesmo tempo sem um conhecimento da carreira militar, pus na minha mente que um dia eu também poderia ser um ‘tenente’”, confessa.“Para isso, infelizmente tive de sair do Graer, para estudar mais intensamente, porque a rotina dos tripulantes exigia muito tempo e dedicação aos treinamentos específicos, inclusive nos horários de folga, o que acabava comprometendo meu tempo para o estudo”, explicou. “Antes da prova, uns seis meses antes, eu estudava uma média de 7 horas por dia. E assim consegui passar no segundo CFO que já exigia a formação em Direito”, destacou.
Em 2009, o então subtenente Edson, enfim, ingressava no CFO. A família teve de ficar, para não interromper os estudos das filhas. Em julho de 2011 ele se formou na Academia Policial Militar da Trindade (APMT). Posteriormente, retornou a Jaraguá do Sul, para trabalhar no 14º BPM, onde foi chefe do P4 por quatro anos.
No ano de 2015 ele veio para a cidade de Guaramirim, para comandar a companhia interinamente. “Engraçado né…em 1989, como 3º sargento eu comandava apenas um destacamento aqui, e agora retorno, para comandar a companhia.Todas essas lutas, todas as barreiras…tudo o que vivi me ajudou, me fortaleceu. Tudo contribuiu para que eu me tornasse o profissional que sou hoje”, revela. “As vezes me pergunto: e se eu tivesse entrado direto como oficial!?…sem ter sido praça. E vejo que não seria igual. Não teria o mesmo valor”, reflete hoje, diante de sua trajetória. “Olha, eu trilharia tudo novamente. Faria tudo o que fiz. Até porque graças às experiências vividas que consigo administrar de uma forma mais segura as novas responsabilidades que acabo recebendo”, avalia.
“Fiquei até chateado quando ouvia comentários sobre o pessoal com mais idade que poderia ingressar no CFO. Ouvi até pessoas dizer…estão deixando esses velhos serem oficial é!? E eu me cuido…e não é bem assim”, se diverte.“Não nego, tenho um amor muito grande pelo que faço. Pra mim é sempre uma satisfação poder contribuir. O trabalho me faz bem e me motiva”, garante o policial.
O oficial lembrou também de algumas ocorrências gravadas na memória, no período em que foi praça. “Eu tinha uns seis meses de formado quando ocorreu, lá em Chapecó, um conflito entre colonos e indígenas. Ficamos meses acampados por lá. Parecia até coisa de filme”, recorda.
Em seu tempo de Graer ele também recorda com orgulho de algumas pessoas que pode resgatar no mar. “Lembro de uma menina que estava se afogando na Praia de Itapoá. Me joguei na água e salvei ela. A praia estava cheia…e quando chegamos na areia todos aplaudiram”, lembra com saudosismo.
 Além disso, lembra também, com riqueza de detalhes, de alguns confrontos, em especial um contra criminosos do Rio de Janeiro, na área de Jaraguá, no norte do estado. Recorda da troca de tiros que aconteceu na operação realizada e da prisão dos criminosos.
Um passado vivo que ele faz questão de guardar nas boas lembranças, com orgulho. Atualmente, o oficial se dedica, em sua maior parte do tempo, ao serviço administrativo e tira apenas de um a dois serviços por mês na escala operacional, como oficial-de-dia do 14º BPM.
Falando sobre a promoção a capitão, ele mais um vez olha pra trás e só agradece as oportunidades que teve. “Quando ingressei no CFO nunca imaginei que chegaria ao posto de capitão. Até porque entrei bem tarde. E essa minha promoção de agora é um presente. Mais um presente que eu ganho da PM, porque eu realmente não esperava”, confessa.
Olhando pra trás o oficial também reconhece o incentivo e as oportunidades que teve em sua carreira. “Quando sargento muitos subordinados já sabiam da minha meta e me apoiavam, me incentivavam. Realmente o pessoal me deu muita força. Os oficiais com quem trabalhei também sempre me incentivaram. E hoje agradeço mais uma vez, a cada um, por todas as oportunidades que me deram. Abracei todas elas”, garante o capitão.
 Ao recordar e lembrar de cada batalha superada o policial cita um ensinamento recebido, que leva como regra pessoal e profissional. “Certa vez, um comandante que eu tive, no Graer, me disse uma coisa: não desista nunca!!! Por mais que não dê certo em um primeiro momento, continue! Acredite: que capacidade muitas pessoas tem, pena que elas desistem pelo caminho”, lembra. “Se você acredita e se foca naquilo, mais cedo mais tarde as coisas acabam acontecendo”, garante o capitão, que foi soldado, 3º sargento, 2º sargento, 1º sargento, subtenente, cadete, aspirante, 2º tenente e 1º tenente.
“Não sei fazer outra coisa da vida e não tenho previsão de parar…”, finalizou.
Texto: Soldado Rodrigo Costa/CCS
Polícia Militar de Santa Catarina – Quartel do Comando Geral