RJ: Curso de formação de policiais militares será mais longo, anuncia Beltrame

864
Beltrame vai aumentar o tempo de curso do Cfap Foto: ANTONIO SCORZA
Beltrame vai aumentar o tempo de curso do Cfap Foto: ANTONIO SCORZA

O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, anunciou nesta terça-feira que o curso do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap) será ampliado de sete para dez meses. A declaração foi dada durante uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Autos de resistência na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

— Só depende do recurso para dar continuidade a uma próxima turma e de fechar alguns detalhes no currículo. Sinto ter que deixar a população mais três meses sem policiais. Mas isso vai trazer melhorias, um policial mais bem qualificado. Prefiro que um policial dê tiro dentro do Cfap do que na rua — afirmou Beltrame.

Os 1.300 praças que estão fazendo o curso atualmente não estão sendo formados de acordo com o novo currículo. Eles, no entanto, ainda não tem previsão de quando serão formados porque os problemas financeiros do estado deixaram o Cfap até sem comida.

Após concluir o curso, essa turma fará aulas complementares para que se adequem ao novo currículo. Ainda não há previsão de quando haverá um novo concurso para formar uma turma já com o curso de dez meses.

Durante a CPI, Beltrame falou ainda sobre seu futuro na secretaria. Questionado se continuaria na pasta, ele afirmou que essa “é uma questão de foro pessoal”, mas admitiu estar desanimado.

– Eu tenho motivos de sobra para estar desanimado não só com a política estadual, mas acho que há dois anos nesse país não se governa nada. Só se acusa, se ofende e se defende. Acho que isso é muito ruim para todos nós, principalmente para a classe política – afirmou.

Relatando a CPI, Marcelo Freixo (Psol) afirmou que os policiais militares dizem que há incentivo ao enfrentamento. E que, depois, o estado os abandona. Beltrame discordou.

— Acho que o Rio é o único estado que tem esse índice de letalidade violenta. Isso significa que não se pode diminuir os homicídios matando. Temos aqui no Rio até um prêmio para o policial que não mata — afirmou o secretário.

Beltrame ainda afirmou que “a lei no Brasil perdeu seu valor”. O secretário defendeu que a polícia cumpre a lei quando foi questionado por Freixo sobre as operações policiais que são realizadas logo após a morte de algum elemento da corporação.

— Quem está se lixando para a lei são as pessoas que estão praticando crime e sabem que não vai dar em nada.

O secretário também defendeu o futuro das Unidades de Polícia Pacificadora.

— Existem ganhos imensos com as UPPs. Concordo que há problemas no programa, mas não podemos ser injustos. Nunca disse que a UPP era a oitava maravilha do mundo, mas duvido que o Rio dê a volta por cima sem o programa. Por mim, sigo com essa proposta, mas não avançarei sem as mínimas condições logísticas.

Ao fim da sessão, Freixo comentou a participação de Beltrame:

– Nos últimos dois anos, tivemos um aumento muito grande dos autos de resistência, e acho que precisamos entender qual é a política vigente para que tenhamos esse cenário. Em alguns casos, acho que o secretário estava desinformado, pois achava que a Divisão de Homicídios era responsável pela investigação de todos os casos e não é. Mas ele (Beltrame) está aberto ao diálogo e isso é importante – analisou.

EXTRA